Os próximos três anos serão decisivos no que se refere à redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) no transporte marítimo mundial. Na 80ª sessão do MEPC - Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho da IMO (International Maritime Organization), realizada em julho de 2023, os países concordaram em uma proposta de chegar a 2050 com emissões líquidas zero, além de realizar esforços para garantir oferta e demanda de combustíveis alternativos com zero ou quase zero GEE até 2030. Dados da Marinha do Brasil mostram que o transporte marítimo responde sozinho por 3% de toda a emissão global, o que equivale a um bilhão de toneladas por ano.
Importante salientar que, já a partir de 2027, entra em vigor uma penalidade sobre as emissões de GEE da navegação para promover a migração dos combustíveis fósseis para as alternativas energéticas, rumo ao Net Zero. As discussões sobre o tema seguirão, provavelmente, até 2025, quando a Assembleia Geral da IMO votará as determinações a serem observadas pelos países membros.
O documento inclui outras sugestões que contribuirão para a redução da emissão de GEE, entre elas, provavelmente, a imposição, do aumento do frete, mas que não trarão grandes impactos para as instalações portuárias. O foco deste artigo, no entanto, é a busca por novos combustíveis por meio da chamada “transição energética”.
Hoje, o combustível marítimo adotado em todo o mundo é o bunker e vários portos e instalações portuárias no Brasil estão adequadamente preparadas para a armazenagem e o manuseio desse combustível. O futuro será totalmente diferente. Um cenário de muitos combustíveis, como o hidrogênio, amônia, metanol, etanol, entre outros, que trará um mundo de desafios, mas também de muitas oportunidades ao segmento portuário brasileiro.
Algumas instalações portuárias já estão com estudos avançados para produção, em áreas adjacentes ao terminal, de combustíveis verdes para exportação ou para o uso industrial no próprio país, tais como o Complexo do Pecém (CE), Porto do Açu (RJ) e Suape (PE). Também existem ações de natureza operacional que poderão ser adotadas pelas instalações portuárias que poderão trazer vantagens competitivas a elas.
Pensando na importância desse assunto, a ATP escolheu como tema do seu 11º Encontro anual “A Transição Energética no Transporte Marítimo”. Na mesa redonda, especialistas do setor debaterão, sob diversos ângulos, os desafios e as oportunidades dessa transição para as instalações portuárias. A mediação será da experiente especialista Cristiane de Marsillac.
Teremos a experiência de um porto estrangeiro, apresentando suas ações na implementação de tecnologias sustentáveis e iniciativas para reduzir as emissões de carbono e como esse investimento colabora globalmente para a disseminação de práticas inovadoras. Outra abordagem será a segurança no manuseio de novos combustíveis, crucial para garantir operações marítimas seguras e sustentáveis, pois com a introdução de combustíveis alternativos, surgem novos desafios e riscos que exigem protocolos rigorosos e treinamentos especializados.
Por sua capacidade de influenciar as cadeias de suprimentos, investindo em sistemas de propulsão, o armador desempenha um papel central na transição energética da navegação. É ele o responsável por implementar essas práticas e tecnologias que promovem a sustentabilidade no setor. Por isso, outro destaque do evento será a participação de um representante dos armadores.
Por fim, e também muito importante, o encontro terá um representante para falar sobre o papel do governo na transição energética do setor marítimo, atuando como regulador, facilitador e investidor, estabelecendo políticas e regulamentos que incentivem a adoção de tecnologias sustentáveis.
Será um debate atual, importante e necessário para todos que atuam no segmento portuário! Já anote na agenda! O 11º Encontro ATP acontecerá no dia 24 de outubro, a partir das 14h30, e será transmitido pelo canal da ATP no Youtube.
Murillo Barbosa - Diretor Presidente da ATP – Associação de Terminais Portuários Privados.
Artigo publicado dia 31/08/24 no jornal A Tribuna.